2.3 Uma Estratégia básica para Ensaiar

Uma Estratégia básica para Ensaiar

Quando não tem tempo, ensaie devagar.

Um erro comum nas técnicas de ensaio de muitos maestros é começar a separar as coisas muito  rapidamente. Isto é feito com a melhor das intenções – nós apenas queremos fazer o melhor – mas pode ser ineficiente e frustrante para os músicos. Mesmo quando o grupo é menos experiente (e  assumindo que escolheu um repertório adequado para o seu nível), em muitos casos os músicos  perceberão que cometeram um erro e entenderão como o devem corrigir. Eles não precisam que o maestro pare todo o conjunto e aponte o erro, só precisam de ter a oportunidade de tocar novamente.

Uma abordagem ideal pode ser tocar a peça ou o andamento, fazendo uma lista mental de todas as coisas que precisam de ser resolvidas. Depois, após 1 ou 2 breves comentários gerais, toque novamente. Nesta segunda vez, estará a riscar os itens da sua lista mental à medida que são corrigidos. Desejavelmente, terá conseguido contribuir para a resolução de problemas – talvez dando dicas a alguém que não entrou corretamente ou indicando mais claramente um rallentando. Se alguém corrigir uma nota errada, pode fazer contato visual para mostrar que percebeu o erro inicial e confirmar a sua correção. Desta forma, já está a “ensaiar” pela segunda vez; é um uso muito eficiente do tempo; e a psicologia de permitir que os músicos corrijam os seus próprios erros (deixando claro que estava ciente deles) é muito poderosa. 

Passar por este processo também ajuda em muito um dos aspetos mais desafiadores do ensaio:  atribuição de prioridades. Pode descobrir facilmente que, por exemplo, houve 10 erros na primeira  vez. Os músicos, com a sua ajuda, resolvem 7 deles na segunda vez. As 3 coisas que ainda não estão corretas são aquelas em que precisa de se concentrar agora. Atribuição de prioridades feita! 

Agora pode ir diretamente para essas partes e tocar devagar ou com menos gente. A abordagem a ser escolhida dependerá da situação, e irá sendo cada vez melhor a fazer esta apreciação. Uma combinação dos dois também é uma possibilidade. Quando começar a trabalhar desta forma, siga os conselhos referidos acima sobre como falar com o agrupamento: com quem está a falar; local na partitura sobre o qual está a falar; o que quer que eles façam de forma diferente expresso de forma positiva e breve. 

Nunca subestime o benefício de ensaiar num ritmo mais lento. Até mesmo grandes orquestras a nível mundial quando tocam um repertório familiar consideram isto útil. Leonard Bernstein costumava dizer: 

Quando não tem tempo, ensaie devagar.”  

Contraintuitivo à primeira vista, mas o seu argumento era que muitas vezes pode conseguir-se mais tocando algo uma vez a 75% do ritmo, do que tocando duas vezes no ritmo normal. Isto é economia de tempo, não uma perda de tempo. Na maioria das vezes, se tocar algo a dois terços do ritmo real, poderá parecer extremamente lento. Dica: isto ajudará na sua forma de dirigir também. Há mais tempo para pensar sobre fraseado, dinâmica, articulação e outras nuances se o ritmo for reduzido. 

Tocar com menos pessoas é particularmente útil com músicos jovens e inexperientes por duas razões. Em primeiro lugar, nas fases iniciais, pode haver muitos erros! Às vezes, pode ser difícil  processar isto e decidir por onde começar. Reduzir o número de pessoas que deverão tocar pedindo apenas os metais, ou apenas a linha de baixo, ou todas as pessoas com a melodia, pode tornar essa  tarefa muito mais fácil. Em segundo lugar, com músicos jovens, os níveis de resistência e concentração são um fator. Como esperamos que esteja a seguir o nosso conselho sobre tocar muito e não perder demasiado tempo a falar, poderá ser necessário que os músicos mais jovens descansem um pouco. Trabalhar apenas com algumas secções funciona como uma “mini-pausa” para outras.

Estratégias para o Ensaio

(reserve cerca de 10 minutos para esta atividade) 

Reflita sobre o conselho dado acima e resuma três opções de ensaio e as respetivas razões. 

Discussão

Espero que tenha encontrado as três opções seguintes, embora possa, naturalmente, tê-las  formulado de forma diferente: 

  • Toque novamente (isso aumenta a familiaridade e incentiva os músicos a assumirem responsabilidade pessoal pela correção de erros) 
  • Toque lentamente (particularmente útil para destacar as notas, o ritmo e a afinação, bem como para destacar muitos outros detalhes de forma mais clara) 
  • Toque com menos pessoas (maior consciência de quem mais está a tocar a mesma linha e quem escutar)
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