Transpor instrumentos em partituras pode ser um desafio para alunos de direção. ‘Por que precisamos de instrumentos transpositores?’ É uma pergunta frequente. São várias as razões, a maioria com longa história. As mais importantes para o nosso propósito são: primeiro, a transposição ajuda o músico por ter um sistema de dedilhação comum aos vários membros da mesma família instrumental; segundo, torna a notação mais confortável dentro das linhas da pauta e ajuda a evitar muitas linhas suplementares. O que o maestro precisa de saber são as convenções padronizadas em uso nas partituras modernas.
Para ilustrar a questão dos sistemas de dedilhação, vamos olhar para a família do clarinete.
Se um clarinetista vir a nota apresentada no exemplo 3.2, produzirá a nota fechando o orifício correspondente aos dedos polegar, indicador e médio da mão esquerda.
No entanto, dependendo do tipo de clarinete que o músico está a usar, ele fará soar uma das várias outras notas, conforme apresentado no Exemplo 3.3.
Se a transposição não estivesse em uso, cada um desses outros instrumentos teria um conjunto de dedilhações completamente diferente e o músico teria de se lembrar de qual usar para o instrumento que está a ser tocado. Uma vez que a mente e os dedos reagem instintivamente às notas na página durante passagens rápidas, seria incrivelmente difícil para o músico realizar esssa diferenciação de forma consistente. A melhor opção é alterar as notas na página por meio da transposição. O executante pode, portanto, muito facilmente ser um “duplicador”, aprendendo apenas um sistema de dedilhação para todos os tamanhos de instrumentos da família. As notas indicadas na partitura pelo compositor são ajustadas para garantir que vão soar as notas corretas para cada instrumento.
Embora muitos instrumentos tenham uma gama de notas que excede em muito as notas de uma única pauta, a transposição ajuda a garantir que a gama de notas mais comumente usada permanece numa única pauta ou pelo menos razoavelmente perto de uma única pauta sem alterar a clave. Também evita ter que lidar com múltiplas claves de C, G e F, como pode ser visto nos primeiros exemplos de partituras orquestrais, como a que foi apresentada na secção 3.1 acima.
Finalmente, com o passar dos anos, certos instrumentos tornaram-se padronizados por causa do seu som, entoação e uso comum. No caso das trompas, por exemplo, antes da invenção das válvulas, que só entraram no uso orquestral comum no terceiro quartel do século XIX, as trompas costumavam tocar em tons diferentes, através da inserção de tubos de vários comprimentos designados de “tonilhos”. Uma vez que o tubo colocava o instrumento na tonalidade da peça e os compositores estavam cientes do facto de as notas disponíveis serem limitadas, não houve necessidade de designar armações de clave. O advento das válvulas acabou por levar à padronização da trompa dupla afinada em Fá e Si bemol. Dito isto, muitas peças de música antiga ainda exibem partes para trompas em Mi bemol, Mi, Dó (grave) e quase todas as outras afinações imagináveis. O maestro precisa de estar especialmente alerta para o tipo de trompa indicado em cada partitura a ser executada.
In older scores, timpani Em partituras mais antigas, as partes dos tímpanos também podem causar alguma perplexidade. Os primeiros compositores utilizavam Tímpanos para tocar quase exclusivamente a tónica e a dominante. Uma composição na tonalidade de D exigiria que os Tímpanos afinassem em D e A, mas as notas na pauta seriam escritas como C e G. As notas C e G foram usadas como uma espécie de representação universal da tónica e da dominante. A afinação real dos tímpanos não era importante relativamente à notação. O músico tocaria o tambor tónico quando visse escrito C e o tambor dominante quando visse escrito G. Veja o Exemplo 3.