3.4.2 Explorar a Microestrutura

Explorar a Microestrutura  

Nas atividades anteriores, terá reparado que a sinfonia “Drumroll” começa com uma introdução em Adagio. A introdução a esta obra é a mais longa em termos de número de compassos e número de tempos de todas as sinfonias de Haydn. Além disso, exerce uma influência extraordinariamente significativa no Allegro con spirito que se segue. Embora várias das introduções de Haydn mostrem  uma ligação motívica com as secções em Allegro que se seguem, a Sinfonia n.º 103 é um dos poucos  exemplos em que o material de introdução e os motivos são mesmo citados no Allegro con spirito – compare mm. 99-103 com mm. 1-4, por exemplo. Alguns autores chegam a afirmar que a introdução  à n.º 103 é a primeira na literatura sinfónica que é apresentada no seu ritmo original, embora numa versão abreviada, próximo do final do Allegro (mm. 202-213). O material temático da Introdução também surge brevemente, em diminuição rítmica, noutros pontos do Allegro: mm. 74-75 e 214- 215; e durante o desenvolvimento em mm. 112-114. Outra curiosidade apontada por alguns autores é a semelhança do início do Adagio com o Gregoriano Dies Irae, o que pode ser fortuito, mas cria  ainda assim um ambiente sombrio (Schroeder, 1985, 71).

Figura 3.7 Haydn, Sinfonia em Mi bemol n.º 103. Detail of the autograph manuscript of the drumroll at the start of the introduction.

A introdução em Adagio, (I na representação esquemática), é precedida por um trémulo nos Tímpanos (ver Figura 3.3). Haydn usou notas suspensas ou acordes para iniciar algumas das suas introduções sinfónicas. Nesta, porém, o uso dos Tímpanos apenas para este fim é uma inovação. Na verdade, esse trémulo levanta algumas questões interpretativas interessantes. Enquanto as  interpretações mais tradicionais tendem a uma executção com diferentes dinâmicas, o manuscrito  deixa algumas dúvidas sobre o que o compositor quereria por causa das indicações de “intrada” e “solo” que precedem o trémulo sobre o E-bemol.